sábado, 26 de janeiro de 2013

Pat com Glória Kalil

Em dezembro passado recebi um e-mail da Ediouro Publicações avisando que a editora havia produzido um livro, de autoria da Glória Kalil, sobre dicas de viagens para todos os tipos de passageiros, desde os mais experientes até os novatos, no ar, no mar, na terra, diante de diversas estações e situações, intitulado "Viajante Chic: dicas de viagem por Glória Kalil". Na ocasião de seu desenvolvimento, a autora pediu, em seu site, que os seus leitores e "amigos internautas" escrevessem histórias e compartilhassem com ela as suas experiências. Diante de um material tão rico, a autora havia pedido que providenciassem a autorização dos colaboradores para divulgar alguns desses depoimentos e casos em nosso livro. E um deles seria o meu!!!!! O e-mail avisava que meu texto havia sido incluido na obra. Na hora nem acreditei! Em alguns dias o exemplar autografado pela Glória chegou! Claro que considerei meu presente de Natal. E lá estava na página 70, meu nome e minha história.
“Desembarcamos na capital, pegamos um carro rumo a Ibiraquera, praia a uma hora de distância de Floripa. Não era bem o que imaginava, mas topei. Parecia um vilarejo de pescadores com ruazinhas de terra e casas de madeira. Mas minha surpresa foi quando meu marido parou o carro na estradinha de terra poeirenta, desceu e disse: chegamos! Bom, ao olhar o local, não sabia se pulava para o banco do motorista e tentava uma participação no filme Noiva em fuga ou se chorava. Mas, como diz o ditado, já que estava no inferno, resolvi abraçar o diabo! Passamos a noite ali. A janela do quarto nem podia ser aberta, porque senão a cama ficaria marrom de tanta poeira. Acordei, no dia seguinte, com o barulho de vozes lá fora. ‘Meu querido marido’ havia convidado dois amigos com suas respectivas esposas e um bebê para ficar com a gente! Nem preciso descrever minha expressão de boas‐vindas! Nesse dia, acho que tive o chilique do século! Na hora peguei minhas coisas e implorei para que pelo menos arrumássemos uma casa melhor pra ficar. Meu marido, sem imaginar o quanto eu ficaria brava, tratou de providenciar lugar melhor. Dividi meus 15 dias de lua de mel com a ‘turma’. Qualquer pessoa, na época, diria que o casamento não ia durar uma semana. Porém, estou casada há dez anos, tenho três lindos filhos, e duas vezes por ano meu marido e eu viajamos para algum lugar do mundo sozinhos: eu escolho, faço roteiro, reservo tudo. E quem tem que ficar surpreso é ele! Minha dica é: planeje bem suas viagens, pesquise, leia opiniões de quem já foi, faça roteiros direcionados que agradem você e seu parceiro. Reserve alguma surpresa, como um jantar romântico, shows ou o que você quiser para que essa seja uma de muitas viagens inesquecíveis!”
Porém qual não foi minha surpresa que 11 anos depois a roubada continuou rsrsrsrsrs. Passaram-se 11 anos após a viagem de Lua de Mel publicada no livro e como temos feito todos os anos, sempre viajamos nesta data para comemorar. Porém, desta vez foi ainda pior rsrsrsrs Fomos para Aruba porque meu marido veleja de kitesurf então pensei em juntar praia com compras e programei tudo. Logo quando o avião pousou na ilha um garoto vomitou no meu pé e na minha sapatilha novinha! Aí fomos pegar nossas bagagens, a mala que estava o kitesurf e meus sapatos havia desaparecido. Mas o pior ainda estava por vir, no segundo dia, nosso aniversário de casamento (08/12), fomos avisados que acharam a mala. Meu marido não queria perder mais tempo, já foi logo pro aeroporto buscar e no caminho de volta já parou para velejar. Eu não achei que tinha vento suficiente, mas ele nem me ouviu, pegou a prancha nova que tinha acabado de comprar, inflou o kite e foi pro mar. Enquanto ele velejava eu fiquei tirando fotos, vi que estava tudo ok, então resolvi relaxar lendo um livro e tomando sol na areia. Afinal já faziam alguns meses que não curtia uma praia sem ter que correr atrás das crianças, aquele era meu momento de descansar e aproveitar a paisagem! Não passou nem uma hora e ouvi meu marido me chamar. Um outro kitesurf se enroscou nas linhas do kite dele e enquanto eles tentavam se soltar, um barco pequeno de resgate o atropelou jogando ele pra dentro do próprio barco. Mas quando ele me chamou, estava sozinho jogado na beira da água e eu, reclamando, fui até ele sem nem imaginar o que havia de fato ocorrido. Quando cheguei ele já falou: "Me ajuda a sair da água que não consigo colocar o pé no chão, acho que quebrei a perna". Aquelas palavras quebraram as MINHAS pernas. Não sabia se socorria ou batia nele por ter jogado no mar nossa viagem!! Levei ele para o único hospital público da ilha. Nossa sorte foi que a enfermeira que nos atendeu se solidarizou com nossa história e deu um jeitinho pra que ele fosse atendido mais rápido. Ninguém merece passar o aniversário de casamento no hospital!! O médico receitou um remédio do tipo "calmante pra elefante" e fomos pra casa com o diagnóstico de ligamentos rompidos. Meu "querido" marido dormiu a noite e o resto do dia seguinte inteiro. Quando tentou levantar da cama, achou que conseguiria pisar mas de tanta dor quase desmaiou no banheiro. Lá vamos nós de novo para o tal único hospital da ilha, só que desta vez a enfermeira boazinha deveria estar de folga e levamos o maior chá de cadeira "de rodas", porque ele só conseguia se locomover desta forma. Definitivamente sou péssima motorista de cadeira de rodas, atropelei várias paredes com o pé do coitado, só percebia quando ele gritava rsrsrs Depois que o outro médico de plantão trocou a medicação, ele sentia dor mas já passava mais tempo de olhos abertos. Nosso hotel era ótimo e oferecia um jantar a luz de velas super romântico na praia, claro que pra me agradar ele sugeriu que fossemos comemorar nosso aniversário de casamento na praia. Levei ele na cadeira de rodas até o restaurante, a noite estava linda, o céu claro, tudo perfeito. Sentamos e fizemos nosso pedido, derrepente caiu a maior chuva. Nem preciso falar que ele não podia correr, então nos encolhemos debaixo de um guarda sol de sapê e nosso jantar foi ali mesmo.
Não podia deixá-lo sozinho com medo de ele precisar de alguma coisa ou mesmo passar mal. Apreciava a paisagem da simpática Aruba pela sacada do meu quarto de dia ou de noite.
Todos os dias falávamos com as crianças no Brasil pelo facetime. Eles estavam super empolgados e perguntavam se eu mergulhei, se tinha visto peixes, se tinha andado de barco e eu enrolava pra não ter que contar e deixar todos preocupados. No último dia, meu marido comprou um par de muletas, acho que estava com medo da motorista da cadeira de rodas rsrsrsrs. No avião, na volta para o Brasil foi terrível, como ele é grande, a perna esticada não cabia nem no assento preferencial, então ficava com ela pra fora e nem preciso falar que toda hora alguém quase tropeçava nele. No fim, ele quebrou o joelho e rompeu os ligamentos do tornozelo, já está imobilizado há mais de um mês e posso dizer que estou pensando seriamente na nossa próxima viagem que será pra Grécia em junho de 2013.

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